+55 Design lança a Coleção Cordel com a produção do artista J. Borges, o maior cordelista e xilogravurista em atividade no Brasil. Materializada em desenho de mobiliário por Bruno de Carvalho, a série é composta por oito exemplares de edição única que combinam a mais bela expressão do fazer manual – o esculpir – à riqueza construtiva do processo industrial.
Revisitando seus mais de 300 folhetos de cordel ilustrados ao longo de 60 anos de trajetória, além de outros grandes clássicos nacionais, o artista J. Borges e sua equipe selecionaram oito histórias marcantes para reinterpretar, representar e imaginar livremente sobre peças de mobiliário, assumindo o papel de revestimento destes.
As gravuras inéditas criadas para o projeto perpetuam a produção do Mestre, historicamente reconhecida por reinventar e ressignificar o imaginário nordestino; um universo povoado por figuras encantadas, seres alados, animais, anjos, demônios, cangaceiros, vaqueiros, cantadores, entre outros tantos heróis populares, além do povo e sua resiliência.
Depois de serem produzidas no ateliê de J. Borges em Bezerros, PE, as matrizes seguem diretamente para Campinas, SP, onde está localizada a fábrica da +55. Lá, são incorporadas aos móveis exclusivamente desenhados para o projeto pelo designer da casa, Bruno de Carvalho, que também é o responsável pela concepção do projeto como um todo – desde a ideia de combinar xilografia e indústria, passando pela modulação das matrizes e pelo desenho de mobiliário.
Foi através das histórias contadas na hora de dormir pelo pai agricultor que José Francisco Borges, o mestre J. Borges – artista popular autodidata, poeta, xilogravador, patrimônio vivo de Pernambuco (título outorgado pelo Governo do Estado) e pai de 18 filhos – enveredou pelo mundo da sonora e ritmada poesia de cordel.
Nascido em 20 de dezembro de 1935 na zona rural de Bezerros, município do Agreste Central, seguiu a mesma sina dos meninos vindos de famílias pobres, trocando as brincadeiras da infância pelo trabalho. Durante a adolescência, agarrou todas as chances dadas pela vida: foi passador de jogo de bicho, pedreiro, carpinteiro, pintor de parede, oleiro, trabalhador da palha da cana de açúcar e vendedor, entrando no universo do Cordel com 21 anos – e através dele se tornando um dos artistas mais consagrados, com sua obra premiada e admirada em todo o mundo.
Fotos: Rômulo Fialdini