Em seu trabalho de MBA, o designer de interiores Fabio Galeazzo foi fundo no estudo do processo criativo e da estética autoral. Aqui, ele faz uma análise de um dos mais instigantes desfiles da recente semana de moda de Paris, assinado por Valentino – o que ele significa no momento atual e como se relaciona com o universo da casa.
“O desfile de Valentino foi sem dúvida um banho de símbolos e significados. A grife buscou inspiração no universo de Willian Morris, criador do movimentos Artes e Ofícios que, na passagem do século 19 para o 20, quando o mundo vivia a Revolucão Industrial, defendia o trabalho feito a mão. Ele mesmo foi o autor de belas e femininas estampas.
Com isso, Valentino nos mostrou que, definitivamente, o mundo está cada dia mais feminino. Ele fala de uma mulher poderosa, mas ao mesmo tempo doce e romântica (um caminho para tantas executivas que se perderam em seu papel de comando falico?).
Provocações à parte, o berinjela bebeu do vermelho e ressuscita o esquecido vinho, agora burgundy, em referência ao vinho da produzido da Borgonha. O turquesa mostra sua força e flexibilidade para conviver em harmonia com a noite e o dia. O laranja timidamente traz as notícias de um mundo dourado, porém discreto. A moda de Valentino está em dia com o décor…. adeus bege!
Impossível assistir ao desfile e não lembrar as lições da personagem Miranda Priestly, inspirada em Anna Wintour, a poderosa editora de Vogue América em O Diabo Veste Prada. Diz ela que o poder criativo das grandes grifes – sem dúvida sincronizadas com o momento que vivemos – se reflete nos nossos hábitos, assim como na decoração e no design.
Os ingleses já batizaram o movimento como “New Decor”, de franca inspiração na herança do Arts and Crafts. aliado à tecnologia com acabamento artesanal (pense nas lâmpadas de filamentos aparentes), nas cores fortes e nas muitas referências do feito a mão. A moda de Valentino, com sua forte personalidade, conversa lindamente com o movimento criativo e autoral que a decoração tem perseguido.”