Natureza preciosa

“Sou uma arqueóloga do tempo, uma peregrina a escavar as preciosidades do planeta. Onde encontro essas relíquias? Acho que são elas que me encontram. São elas que estão ali silenciosas, discretas, aguardando o momento de um olhar atento que as tire do esquecimento, do anonimato…”, diz Miriam Mamber em um depoimento registrado no livro que leva o nome dela, lançado no fim de 2012.

A mulher que é provavelmente uma das joalheiras mais criativas e sensíveis do Brasil, abriu caminhos para que muitos designers daqui pudessem expressar um trabalho autoral sem medo de errar. Desde 1973, quando Miriam recebeu menção honrosa na XII Bienal de São Paulo por um anel inspirado em canudos de plástico, ela afirma e consolida seu trabalho sobre bases muito pessoais e constantes. Confira abaixo a pequena entrevista que Miriam concedeu ao Radar Design.  

RADAR DESIGN: Como começou este trabalho tão original? Quais foram suas inspirações?

MIRIAM MAMBER: Quando me perguntam sobre quando comecei respondo que foi quando aprendi a andar, pois sempre estava catando pedras, conchas, sementes e outras preciosidades. Sou uma peregrina do planeta terra.

R.D: O que você acredita que uma pessoa deseja em uma joia? O que ela quer quando usa ou compra uma peça sua?

A joia é um diferencial e o individuo se enfeita desde as cavernas. Elas (as joias) têm um caráter simbólico e assim revelam muito do caráter da pessoa que está usando. Por isso acredito que as peças que produzo têm um significado de identidade pessoal.

R.D: Uma característica marcante do seu trabalho é a versatilidade das peças, que podem ser usadas com muitos pingentes e correntes, ou girar 180°. Como você chegou a esta proposta? 

A versatilidade é uma constante no meu trabalho porque quem usa pode participar desde objeto também com um caráter lúdico e interativo. 

R.D: É possível dizer, na sua opinião, que o Brasil tem grandes nomes de design em joias, já que temos nomes conhecidos como Antonio Bernardo e HStern, ou isso é apenas uma impressão de quem vê de fora este mercado? Temos força para exportar nossos designers?

Acho que temos um longo caminho pela frente… Hoje, existem faculdades que abordam várias questões e se propõe a ensinar o oficio de joalheiro e isto é muito bom. Tudo é muito recente, mas é claro que existe um potencial muito grande a ser explorado.

 

 

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