O fotógrafo Lufe Gomes é um contador de histórias. Em seu site, Life by Lufe, ele traça o perfil de gente comum – essa que não está nas revistas de celebridades mas tem muito a dizer, mesmo que nunca tenha se dado conta disso.
Portanto, ele pode contar uma história por meio da casa do morador ou de suas aventuras com o remo. Importa é saber de onde extrair o sumo de cada um, coisa que ele prefere fazer sozinho e sem ensaios prévios.
“É quando conheço uma pessoa que preciso fotografá-la. Nesse primeiro encontro vou descobrindo detalhes que compõem a história de cada um”.
Depois de uma passagem pela TV, em 1999 Lufe largou tudo e foi viver em Londres. “Lá eu me tornei fotógrafo”, conta. De volta ao Brasil, em 2008, continuou na carreira, mas foi só em agosto de 2013 que colocou no ar o Life by Lufe, um grande passeio pelo mundo – da Argentina ao Camboja – mostrando, como ele diz, “as pessoas ao redor”.
No seu vasto acervo está a casa de Jo Takahashi, que você vê aqui. Até dois anos atrás Takahashi dirigia a Fundação Japão. Lufe , claro, logo percebeu que tinha ali um excelente material – humano e arquitetônico.
Ao chegar na casa de Takahashi em São Roque, nas proximidades da capital paulistana, Lufe encontrou uma construção erguida a muitas mãos.
Takahashi e sua mulher são arquitetos de formação, já tinham ideia do que queriam. Mas Takahashi gosta de dividir os créditos com todos os envolvidos, como o empreiteiro. “Ele soube extrair o que estava no plano das imagens para o mundo real”, conta.
O arquiteto Naoki Otake veio para fazer o interior, determinar os acabamentos, desenhar a marcenaria. Mas as paredes, por dentro e por fora, têm a assinatura mais marcante da casa: compostas de pedras de Minas Gerais e tijolos de demolição, elas são totalmente orgânicas – um centímetro nunca será igual ao outro e as linhas geométricas, com sua dureza irredutível, não têm vez.
Takahashi entende a arquitetura na plenitude de seus vazios – que, longe de representarem o nada, preenchem lindamente uma composição.