Escrito em 1961, A Casa das Belas Adormecidas, de Yasunari Kawabata (1899-1972) conta a história de Egushi, de 67 anos, frequentador da Casa das Belas Adormecidas, uma espécie de bordel em que as moças, sempre jovens, dormem sob o efeito de soníferos enquanto homens mais velhos desfrutam de sua companhia.
Editado pela Estação Liberdade, com tradução de Meiko Shimon, é esse o título que a designer de interiores Eliane Sampaio, devoradora de bons livros, recomenda.
“Yasunari Kawabata, apesar de não ser um autor popular, é de grande importância na literatura mundial, agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1968.
A Casa das Belas Adormecidas é um romance que nos transporta de forma encantadora e surreal para a cultura e a filosofia orientais, em especial
a sexualidade na idade madura. Ao mesmo tempo que se veste de sensualidade, o texto é poético e profundo. Não por acaso, foi a fonte inspiradora para a obra sensacional “Memória de Minhas Putas Tristes”, do colombiano Gabriel García Márquez.
A seguir, trechos do livro que separei para você degustar – um aperitivo que demonstra o que a obra reserva ao leitor”.
” Apesar disso, talvez porque a garota estivesse adormecida e não se desse conta de nada, a beleza do rosto e das formas que ele via ali não fora atingida nem desgastada. O que salvava Eguchi de cair na tentação de uma brincadeira diabólica e degradante era a beleza de seu sono profundo. Quiçá o que o distinguisse dos outros velhos fosse que ele mantinha a capacidade de se comportar como um homem.
Entretanto o velho divagava, refletindo como era possível que, dentre todos os animais, somente a forma dos seios da mulher tenha adquirido, após longa evolução, um formato tão belo.”